“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”. A frase é do pai da Revolução Americana, Benjamin Franklin, e mostra que a cobrança de tributos sempre foi controversa. No Brasil, nos últimos 35 anos, foram editadas mais de 320 mil leis e outras normas tributárias, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). Tal arcabouço de regras obriga as empresas a gastarem, todos os anos, cerca de 2.600 horas apenas para cumprir com suas obrigações com o Fisco. É o pior resultado entre 189 países. A boa notícia é que a reforma tributária é uma das prioridades da União. O Executivo federal manifestou apoio à Proposta de Emenda Constitucional 45, na qual deverão ser incluídos dispositivos da PEC 110. Para o setor de serviços, que agrega Saúde e Educação, essas duas PECs não são boas, pois poderão resultar num aumento expressivo da carga tributária, ao proporem a unificação dos tributos sobre o consumo e a criação de um IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), nos moldes do IVA (Imposto sobre Valor Adicionado), presente em diversos países. Um dos principais pontos da reforma tributária é a adoção do regime de não cumulatividade. Para o segmento de serviços, isso pode gerar impactos altamente negativos, já que sua despesa mais expressiva é com mão de obra, que não gera direito a crédito. O setor de serviços é o maior empregador do País e foi responsável por 72% do PIB nacional em 2021, de acordo com o IBGE. Somente na Saúde, são cerca de 2,6 milhões de trabalhadores diretos. Calcula-se que o setor gere outros 2,5 milhões de postos de trabalho indiretos. Estudo feito pela consultoria LCA mostra que a PEC 45 poderá fazer a carga tributária da Saúde mais que dobrar, se adotada uma alíquota única de 26,9%. A proposta aumentaria as mensalidades dos planos de saúde em aproximadamente 22%, o que pode expulsar cerca de 1,2 milhão de beneficiários desse sistema, levando-os ao SUS, que está com seus recursos engessados. Há anos que o Brasil tenta aprovar uma reforma tributária. Além da dificuldade em contemplar os anseios de todos os envolvidos, o país precisa vencer a ansiedade em aprovar algo tão complexo de uma única vez. Somos um país com diferenças socioeconômicas enormes, por isso, a maneira mais produtiva e segura para avançar com o tema seria, talvez, introduzir as mudanças de forma gradativa. Esperamos que o Executivo e o Legislativo abram espaços para debates com o setor de serviços e a sociedade civil organizada. Além de simplificar e desburocratizar o sistema, a reforma precisa criar um ambiente de negócios que garanta segurança jurídica, favoreça o empreendedorismo, gere empregos, traga mais justiça social, não onere a carga para nenhum setor da economia e que, enfim, possa levar o País ao tão desejado desenvolvimento socioeconômico. Francisco Balestrin é presidente do SindHosp (Sindicato de Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo). Renato Nunes é doutor em Direito Tributário.
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