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Ao lançar novo site, Club de Regatas Vasco da Gama traz de volta Don Corvo I, antigo mascote do clube – VASCONet

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Ao lançar novo site, Club de Regatas Vasco da Gama traz de volta Don Corvo I, antigo mascote do clube Quinta-feira, 13/04/2023 – 15:08 C.R. Vasco da Gama @crvasco_br Hoje é dia de lançar o site oficial do CRVG. Para celebrar, trouxemos de volta Don Corvo I! Conheça um pouco mais da história do místico mascote vascaíno.

#VascoDaGama #DonCorvoI

👉 https://crvascodagama.com/o-corvo-origem-e-a-mistica-da-historica-mascote-vascaina/

Ilustração de Otelo Caçador.

Fonte: Twitter oficial do Vasco

O corvo – Origem e a mística da histórica mascote vascaína

Em 1947, Alvaro do Nascimento Rodrigues, jornalista adepto da Cruz de Malta, que escrevia para o Jornal dos Sports, foi o idealizador do Corvo, a mascote vascaína que passou a fazer dupla com a mascote do Almirante, que já representava o Club de Regatas Vasco da Gama.

A história tem um grande enredo e se inicia meses antes das primeiras charges surgirem com a “ave da sorte” do Gigante da Colina.

Os desenhos do Corvo vascaíno foram eternizados pelo chargista Otelo Caçador, que substitui o grande artista Lorenzo Molas como desenhista oficial do Jornal dos Sports.

O argentino Molas havia regressado para Buenos Aires.

O ano das aves no football carioca. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 23 de novembro de 1947, p. 7. Acervo: Biblioteca Nacional.

Naquele ano, Alvaro do Nascimento, em uma de suas colunas que escrita para o jornal carioca, denominada “O Vasco em dia”, desenvolveu uma classificação própria da atuação dos árbitros para aquela temporada, pontuando os juízes de futebol de acordo com a qualidade da arbitragem nos jogos.

Após o fim das competições oficiais, o árbitro melhor colocado seria premiado com um cronógrafo da marca Cyma e outros prêmios.

No mês de maio, após iniciar essa “classificação dos árbitros”, que seria atualizada rodada a rodada, o “Cascadura” (como Alvaro do Nascimento era conhecido entre seus pares no C. R. Vasco da Gama) recebeu críticas por parte de Fausto Campana Moncorvo, dando a entender que tal iniciativa por parte do jornalista não iria adiante

Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 29 de abril de 1947, p. 3. Acervo: Biblioteca Nacional.

Essa crítica do seu desafeto incomodou o jornalista vascaíno, a ponto de “Cascadura” produzir uma resposta ao seu desafeto, que foi publicada no dia 07 de maio de 1947, em outra de suas colunas para o Jornal dos Sports, denominada “Uma pedrinha na Shooteira”, na qual ele assinava com o pseudônimo “Zé de São Januário”.

Buscando inspiração nas lendas em torno da fundação da antiga capital egípcia sob domínio mulçumano, Fostate, e daquela que a sucedeu em definitivo, a cidade do Cairo, Alvaro do Nascimento lançou mão de um jogo de palavras que ligava o sobrenome “Moncorvo” à tentativa de agourar a sua iniciativa de classificar os árbitros na coluna “Vasco em dia”.

O corvo, sinal de mau presságio, teria dado sorte para a criação da cidade do Cairo. Da mesma forma, esse animal, representado no sobrenome do seu crítico, lhe daria sorte.

Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 07 de maio de 1947, p. 6. Acervo: Biblioteca Nacional.

Os meses passaram… no dia 21 de setembro de 1947, a primeira charge de Otelo para o diário carioca especializado em esportes, publicada no dia do embate entre o Vasco da Gama e o Botafogo pelo Campeonato Carioca daquele ano, intitulou-se “Vai Começar A Batalha!”. A caravela vascaína iria enfrentar o castelo botafoguense.

Pousado sob uma das velas da caravela vascaína havia um pássaro negro fumando um charuto. Um dos “marinheiros vascaínos”, que representava um dos jogadores do Expresso da Vitória, se perguntava se a referida ave daria azar: “Um urubu… nos dara azar?”.

Isso indica uma aposta, um teste para a nova mascote.

OTELO. Vai Começar A Batalha!. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 21 de setembro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional.

Após a vitória por 2 a 0 do Vasco da Gama sobre o Botafogo, a ave passa a ser identificada como um símbolo de sorte. A partir disso, vários elementos e características passam a enriquecer a simbologia do pássaro.

De urubu, sinal de mau agouro e azar, a ave definitivamente é identificada como um corvo, que por sua vez, no imaginário popular também possuía uma característica negativa, mas a ave vascaína trazia sorte ao Clube.

De modo a apimentar a mística criada, Alvaro do Nascimento publica que o corvo foi trazido por Flavio Costa, treinador vascaíno, de Dacar, capital do Senegal. Macumbeiro, encantador de serpentes e sambista ao estilo malandro da Mangueira, o corvo possuía poderes místicos, era um amuleto da sorte que protegia o Vasco.

A ave era companheira do Almirante (a mascote retratada por Lorenzo Molas e mantida por Otelo), e sempre que podia elogiava-o: “Este Almirante é inteligente…”

OTELO. A Condecoração. Jornal dos Sports, 08 de outubro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional.

A princípio, a criação do corvo como mascote pode ser vista apenas como uma aposta de Otelo, inspirado no texto que seu amigo vascaíno Alvaro do Nascimento escreveu meses antes, de modo a saber se tal ave daria sorte ou não aos vascaínos.

Sempre que questionado pelo motivo de ter desenhado o corvo, Otelo dizia que a ave era sinal de sorte em Portugal. Entretanto, o surgimento do corvo foi uma ideia de Alvaro do Nascimento, que contou com a ajuda do chargista para popularizar a mascote.

Viu-se surgir um símbolo e uma mística que movimentou o futebol carioca, especialmente, nos anos de 1947 e 1948.

O “Cascadura”, desenvolvendo uma trama inspirada no seu próprio texto meses antes, através da sua pena no Jornal dos Sports, alimentava a fama e criava novos elementos que enriqueciam a representatividade imagética do corvo vascaíno, com a contribuição fundamental de Otelo.

OTELO. Nos dominios de Xangô. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 07 de novembro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional.

A campanha extremamente vitoriosa do Vasco da Gama no futebol naquele ano, quando o poderoso Expresso da Vitória sagrou-se campeão carioca invicto (17 vitórias e 03 empates), e os bons resultados no remo, esporte no qual também conquistou o título máximo do Rio de Janeiro, ajudaram a massificar a mística do corvo vascaíno.

A “ave-amuleto” tinha poderes para dar sorte para aos vascaínos e também para “zicar” os adversários.

Campeão Carioca de 1947. Acervo: Centro de Memória CRVG. OTELO. Mais uma do Corvo. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 11 de novembro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional.

Durante o desenrolar do Campeonato Carioca, Alvaro Nascimento foi construindo uma rica narrativa para a história do Corvo, a qual Otelo reproduzia com a sua arte.

O Corvo passou a usar um cordão com a cruz de malta, ganhou o título de Comendador e, posteriormente, foi elevado à categoria de rei “D. Corvo I e Único”. Por influência de “Zé de São Januário”, a torcida vascaína fez tornar-se realidade a Ordem do Corvo, que distribuía títulos e possuía a sua própria heráldica.

Após a conquista do campeonato de futebol, o Corvo ganhou uma cartola e a faixa de campeão.

OTELO. Mais uma do Corvo. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 08 de novembro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional.

No intuito de contrapor a mascote vascaína, outros animais foram criados e “testados” para servirem de amuleto para as agremiações. Influenciado por Ary Barroso, surgiu o urubu do Flamengo.

A mascote Popeye, que representava a agremiação da Zona Sul do Rio de Janeiro, chegou a aparecer com a ave flamenga, para tentar enfrentar os poderes místicos do Corvo Vascaíno.

Mas, o urubu do da Gávea não foi páreo para a grande ave vascaína. Enquanto uma mascote era derivada, a outra era autêntica.

OTELO. A cobra vai fumar. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 30 de outubro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional. OTELO. Corvo, Urubú & Cia. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1947, p. 1. Acervo: Biblioteca Nacional. REGO, José Lins do. Esporte e vida. O Corvo do Vasco e o Urubú do Flamengo. Jornal dos Sports, Rio de Janeiro, 01 de novembro de 1947, p. 3. Acervo: Biblioteca Nacional.

O sucesso foi tanto que Alvaro do Nascimento e Cyro Aranha articularam para trazer um corvo de verdade, ave que não é típica do Brasil, para satisfazer o desejo da torcida.

O pássaro foi trazido de Portugal e a sua chegada ao Rio de Janeiro foi bastante comemorada, uma verdadeira efeméride na metrópole carioca, então capital do Brasil.

O “amuleto” chegou a participar de programas de rádio, foi paparicado por personalidades da mídia e fez a festa da imensa torcida vascaína.

A fama do corvo vascaíno permaneceu durante a década de 50 do século XX.

Nas décadas seguintes, devido aos anos difíceis no futebol, em especial na década de 60, a força da mascote ficou adormecida e a sua história ligada à “Era de Ouro” do ludopédio cruzmaltino.

Entretanto, nos últimos anos, vem crescendo uma demanda por parte da torcida para o retorno do Corvo.

Nada mais vascaíno que um corvo, pois a palavra “Vasco” teria a sua origem no nome espanhol medieval “Valasco” ou “Velasco”, que possivelmente significava “corvo”.

Fonte: Site oficial do Vasco

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