Antes de toda janela, é normal ler essas frases de torcedores nas redes sociais ou ouvi-las em conversas sobre futebol. Os torcedores mais fanáticos analisam as posições mais carentes dos times e fazem listas com pedidos. Para o torcedor do Vasco, no entanto, em todo mercado de transferências, já há alguns anos, existe o mesmo pedido: a contratação de um ponta.
Isso se deve, é claro, ao insucesso que o clube teve ao buscar atacantes de lado no mercado nas últimas temporadas. E a questão não se restringe a uma janela ou outra — já dura anos. O Vasco, novamente, está no mercado atrás de um atacante de lado, e o ge levantou informações sobre os últimos 25 jogadores contratados para a posição. A verdade é que poucos se salvam no período.
Com a ajuda do Gato Mestre, a reportagem mostra os números em campo, os valores das contratações e um resumo da passagem de cada um dos últimos 25 jogadores de lado do Vasco.
Yan Sasse
Meia-direita canhoto, Sasse chegou ao clube com 21 anos, com status de aposta. Ele saiu do Coritiba por empréstimo e foi para São Januário como uma das primeiras contratações de 2019. Fez um gol importante — em jogo no qual um torcedor ameaçou arremessar um tênis em Valentim por colocar o atacante. Mas ele não deixou saudades. Saiu do clube oito meses depois, indo para o futebol turco.
Torcedor ameaça arremessar tênis em Valentim durante Vasco e Bangu
Rossi (2019)
A contratação de Rossi já foi com um cartaz diferente. Com o pedido de Alberto Valentim, a direção do Vasco foi atrás do atacante para ser o titular da ponta direita vascaína. Ele recebeu a camisa 7 e foi útil ao clube. Em 41 jogos, marcou 4 gols e deu cinco assistências. Pela dedicação e pelo carisma nas comemorações, conquistou um carinho da torcida — até voltar ao clube em 2023 e não repetir a dose em 2024.
Jairinho
Jairinho chamou a atenção do Vasco no Carioca de 2019. O atacante se destacou pela velocidade e pelos dribles em campo. Por registros na internet, o clube se interessou no atacante de 22 anos. O problema é que, na verdade, ele tinha 28 anos. A negociação era para um contrato de dois anos, mas quando se descobriu a verdadeira idade do atacante, o modelo virou um empréstimo até o fim do ano. No fim, a passagem durou apenas quatro jogos, com 115 minutos em campo e nenhum gol.
Ygor Catatau
Depois de marcar três gols no Carioca de 2020, Catatau foi contratado pelo Vasco como uma aposta para encorpar o elenco. Apesar de um início promissor, com gol contra o Botafogo e assistência contra o Santos, o atacante não deslanchou. Ele deixou o clube após o rebaixamento para a Série B e foi para o Vitória na temporada seguinte.
Guilherme Parede
Contratado no meio da temporada, durante a pandemia da Covid-19, Parede chegou ao clube por empréstimo, cedido pelo Talleres, da Argentina. Em 2019, ele havia tido uma sequência de jogos no Internacional, e o Vasco tentou apostar no jogador, mas também não deu certo. Foram 13 jogos (331 minutos em campo) e apenas uma assistência.
Toko Filipe
Você provavelmente não lembra do atacante angolano. E não tinha como ser diferente. Toko Filipe foi contratado através de um intercâmbio, vindo do Louletano, time da terceira divisão portuguesa. O jogador nunca entrou em campo pelo clube de São Januário e foi liberado dois meses depois de sua chegada. Ele sequer foi relacionado para algum jogo.
Marquinhos Gabriel
Seja como camisa 10, ou como ponta-direita, Marquinhos Gabriel teve utilidade no pior ano da história do Vasco. Em 2021, o clube ficou na décima posição da Série B, mas não por culpa do meia, que teve 13 participações em gols em 42 jogos na temporada. O meia deixou o clube depois de uma reformulação após o ano que terminou em vexame.
Léo Jabá
O atacante chegou ao Vasco como uma aposta, depois de passar por uma cirurgia no joelho. Com contrato de produtividade, a ideia do clube era reforçar o ataque com um jogador de velocidade, que chegasse para jogar. Ele atuou em 38 jogos, fez três gols e deu seis assistências. Também foi embora na barca após o fim da Série B.
Morato
A negociação que virou novela terminou em final feliz. Morato chegou ao Vasco por empréstimo, depois de fazer uma boa Série B no Bragantino e não ter vingado na Série A. O meia-direita foi titular em mais da metade do ano de 2021, fez sete gols e deu três assistências.
Bruno Nazário
Emprestado pelo Hoffenheim, da Alemanha, Nazário chegou ao Vasco com o status de “eterna promessa”, mas não vingou em São Januário. Ele ficou apenas seis meses no clube, pelo qual disputou 17 partidas, fez dois gols e deu uma assistência.
Lucas Oliveira
Depois de Jairinho e Marcos Júnior em 2019, o Vasco investiu três anos depois em outro jogador do Bangu. Lucas Oliveira chegou como aposta para o elenco, mas não durou mais de 70 minutos no clube. A atuação ruim contra o Tombense, fora de casa, na Série B de 2022, ainda está na lembrança de alguns vascaínos.
Aos 42 min do 2º tempo – finalização errada de Lucas Oliveira do Vasco contra o Tombense
Erick Farias
Depois de dar trabalho para Inter e Grêmio no Gauchão de 2022, Erick chamou atenção do Vasco para a Série B. O atacante foi emprestado ao clube pelo Ypiranga, mas não vingou. Foram 14 jogos e apenas um gol — muito bonito, contra o Sampaio Côrrea.
Aos 36 min do 2º tempo – gol de fora da área de Erick do Vasco contra o Sampaio Corrêa
Palácios
O chileno foi contratado com o aval da 777, ainda na Série B de 2022, com status de promessa. Com passagem pelas seleções de base do Chile, Palacios não empolgou em São Januário e não se adaptou ao futebol brasileiro, o que já havia acontecido no Internacional. Apenas um gol e uma assistência em 24 jogos. Outro que não deixou saudade.
Bruno Tubarão
Emprestado pelo Bragantino, o atacante chegou a São Januário para a reta final da Série B de 2022. Titular em apenas um jogo dos 10 que disputou, Tubarão fez valer a contratação ao marcar contra o Operário-PR.
Aos 18 min do 2º tempo – gol de dentro da área de Bruno Tubarão do Vasco contra o Operário-PR
Orellano
O argentino talvez seja, entre todos os jogadores da lista, o que chegou sob maior expectativa. Com status de grande contratação na chegada da 777, Orellano saiu do Vélez por 3 milhões de dólares (R$15,8 milhões). A expectativa era grande, e a frustração foi enorme. Em 23 jogos em 2023 (com 1056 minutos em campo) , o ponta-direita marcou apenas um gol e deu uma assistência, sendo pouquíssimo participativo na volta do clube à primeira divisão. Deixou o clube pela porta dos fundos.
Serginho
Serginho estava no Giresunspor, da Turquia, quando recebeu o convite para jogar no Vasco. Naquele momento, a equipe vivia péssima fase na temporada e brigava para não cair no Brasileirão, mas já começava a ensaiar uma reação sob o comando de Ramón Díaz. O atacante chegou, recebeu poucas oportunidades e não conseguiu se firmar. Fez apenas dois gols pelo Vasco, embora um deles tenha sido o mais improtante do ano inteiro: o que garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o Bragantino, na última rodada, resultado que livrou o clube da Série B. Foi emprestado ao Criciúma na temporada seguinte e, este ano, foi dispensado com apenas 17 jogos disputados em sua passagem.
Rossi (2023)
A segunda passagem do atacante por São Januário não teve o mesmo destaque. Rossi chegou no meio da temporada para ajudar na briga contra o rebaixamento e chegou a ter boas atuações, inclusive contribuindo com algumas assistências – como no gol de Praxedes, na vitória no clássico contra o Fluminense. Mas esquentou o banco de reservas durante a maior parte do tempo, perdeu prestígio com a torcida e espaço no time. E, no ano passado, atuou em apenas 22 partidas, 12 delas como titular.
David
David é um dos poucos exemplos de atacantes contratados pelo Vasco nesses últimos anos cujas atuações superaram as expectativas. Ele estava no Internacional e chegou ao clube sob desconfiança da torcida, que criticou o modelo da contratação: empréstimo com obrigação de compra de acordo com a quantidade de jogos que ele disputasse. Aos poucos, ele foi ganhando espaço no time de Ramón Díaz e, em seguida, virou peça essencial do ataque sob o comando de Rafael Paiva. Foram 40 jogos (31 como titular), sete gols e quatro assistências até sofrer a lesão grave no joelho da qual ele se recuperou apenas recentemente.
Adson
Adson estava no Nantes e foi contratado por um valor alto (5 milhões de euros, o equivalente a R$ 26,6 milhões na cotação da época), o que provocou desconfiança da torcida. Mas ele assegurou seu espaço no time ao longo da temporada e marcou gols importantes, como na vitória sobre o Inter no Beira-Rio e no empate com o Bragantino em São Januário. Ao todo, foram 50 partidas disputadas, com quatro gols marcados. Mas, na reta final da temporada, ele fez uma cirurgia pra tratar uma fratura na perna e ficou longos meses em recuperação. Voltou no início deste ano – e, na segunda-feira, sofreu nova lesão na mesma região e precisou ser novamente operado, sem previsão para retorno.
Emerson Rodríguez
O atacante colombiano foi a única contratação tratada pelo ex-executivo Pedro Martins no Vasco. Ele foi emprestado pelo Inter Miami, teve poucos momentos de relevância (como os gols marcados nas vitórias sobre Athletico e Bahia em São Januário) e não conseguiu se firmar entre os titulares. Sua passagem ainda foi marcada pelo episódio da ausência a um treino justificada por uma briga com a esposa. Teve sua rescisão antecipada em janeiro deste ano depois de 21 jogos (12 como titular), dois gols e uma assistência.
Jean Meneses
O chileno foi uma das primeiras contratações da era Pedrinho no Vasco e chegou depois de algumas temporadas de destaque no México, onde defendeu León e Pachuca. Mas não conseguiu repetir o nível de atuações em São Januário, hoje sofre enorme rejeição da torcida e muito provavelmente será negociado na próxima janela de transferências. O baixinho de 1,63m atuou em 15 partidas pelo clube e até o momento não tem participação em gols.
Maxime Dominguez
O meia-atacante suíço vivia um bom momento no Gil Vicente, de Portugal, quando recebeu a proposta para defender o Vasco no meio do ano passado. Chegou como uma aposta dos scouts de Pedrinho, mas não se firmou na equipe, perdeu espaço e terminou o ano no banco de reservas. Seu único gol marcado foi na penúltima rodada do Brasileirão 2024, no empate com o Atlético-GO em São Januário. Com contrato até setembro de 2026, foi emprestado ao Toronto FC.
Benjamín Garré
O argentino com passagem pelo Manchester City e temporadas de destaque no Krylia Sovetov, da Rússia, chegou ao Vasco para preencher uma das principais lacunas do time de Fábio Carille: os extremos do ataque. Contribuiu com uma assistência para Vegetti na vitória sobre o Puerto Cabello, na Sul-Americana. E nada mais. O nível de atuações até o momento não empolgou. Garré tem 14 jogos disputados, sendo cinco como titular.
Nuno Moreira
Pode ser considerado, sem muita margem para discussão, o melhor atacante de lado contratado pelo Vasco nos últimos anos. O português, de 26 anos, que estava no Casa Pia, da primeira divisão de Portugal, não sofreu com adaptação ao futebol brasileiro e assumiu o posto de titular da equipe logo nos primeiros jogos, com direitos a elogios públicos de Fábio Carille. Até o momento, são 22 partidas disputadas (20 como titular), com cinco gols e duas assistências, números que o colocam como peça fundamental do time de Fernando Diniz.
Loide Augusto
Fez parte da trinca de atacantes de lado contratados pelo Vasco em março deste ano, atendendo aos pedidos de Fábio Carille. Chegou ao clube com as credenciais de ser um jogador veloz, de força física e drible, mas ainda não mostrou a que veio. Até o momento, o atacante angolano naturalizado português foi notícia mais pelo seu comportamento do que por suas atuações. Na classificação na Copa do Brasil contra o Operário, por exemplo, roubou a cena ao questionar as ordens de Fernando Diniz em campo e gesticular na direção do treinador. Disputou 14 partidas (duas como titular) e ainda não participou de gols.
Fonte: ge