O transtorno de ansiedade é um problema que tem se tornado cada vez mais presente dentro da vida das crianças. Realidade que se refleta na ficção, a ansiedade se torna enredo principal do filme “Divertida Mente 2”, representada através de uma nova emoção de Riley, uma menina de 13 anos que está enfrentando os primeiros desafios da puberdade.
Fora das telas de cinema, os casos de transtornos de ansiedade em crianças no Brasil ultrapassaram a quantidade de casos de ansiedade em adultos, segundo dados da Rede de Atenção Psicossocial do SUS.
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O que é o transtorno de ansiedade e como pode se manifestar?
“O que é o transtorno de ansiedade? É o excesso de futuro. É a pessoa ter medo, preocupações e angústias sempre voltadas para o futuro. O paciente ansioso vive lá na frente, ele não vive o hoje”, resume Camila Franco, médica psiquiatra.
De acordo com a psiquiatra Carolina Braga, que atua na área da psiquiatria voltada para a infância e adolescência, é muito comum que as pessoas confundam o sentimento de ansiedade com sofrer do transtorno ansioso.
“Ansiedade todo mundo tem […] É fisiológico e faz parte do desenvolvimento, inclusive é algo que protege a gente do perigo”, explica. “Mas quando eu falo sobre transtornos de ansiedade, eu estou falando sobre algo patológico, algo que traz prejuízos funcionais”.
“Esses prejuízos vão desde momentâneos, como dificuldade de dormir, de se alimentar adequadamente, dificuldade de sair de casa”, exemplifica Carolina. “Até prejuízos a longo prazo, na socialização, na aprendizagem e na interação com outras pessoas, que futuramente vão desenvolvendo outros transtornos, como depressão”, detalha.
O que pode causar a ansiedade infantil?
A médica psiquiatra Camila Franco diz que o principal motivo por trás de crianças estarem desenvolvendo problemas relacionados à ansiedade se dá ao fato de que elas têm sido introduzidas cada vez mais cedo ao convívio direto com as telas.
“A internet, entre aspas, é uma terra sem lei. As crianças têm acesso a qualquer conteúdo”, diz a psiquiatra Camila Franco, chamando atenção para os perigos que o contato precoce com a internet representa para as crianças.
“E o que elas [as crianças] fazem? Começam a ficar mais introspectivas, porque têm muito tempo de uso de telas ou de jogos e diminuem a interação social com outras pessoas, de falar, de conviver, de se relacionar”, elabora Camila.
“Elas podem se relacionar online, podem jogar online, podem fazer tudo pelo celular. Mas quando se deparam com uma situação onde precisam viver o presente com outras pessoas, isso causa uma ansiedade nas crianças”, pontua.
O que pode ser feito para tratar a ansiedade?
No que diz respeito a fazer uso de medicamentos para tratar a ansiedade em crianças, a psiquiatra infantil Carolina Braga deixa claro que medicações só podem ser usadas em casos onde o estágio de ansiedade está mais avançado.
“Nem todo transtorno de ansiedade é tratado com medicamentos. O uso de medicação para ansiedade na infância é considerado apenas em casos moderados a graves”, afirma a especialista.
Segundo a psiquiatra Camila Franco, inicialmente o mais indicado a fazer ao perceber sintomas do transtorno de ansiedade nas crianças é procurar tratamento através da Terapia Cognitiva Comportamental, que é a mais indicada para tratar a ansiedade infantil.
“A terapia vai identificar qual é o gatilho, o que é que está levando a criança a ter crises de ansiedade”, revela. “Mas o principal é adequar a criança a um estilo de vida saudável, com atividades físicas, hobbies e estando perto de pessoas que fazem bem”, conclui Camila Franco.